De vendedor ambulante a deputado estadual, a trajetória de Chico Mendes é marcada por trabalho, empreendedorismo e liderança na política sertaneja.
Por José Antônio de Albuquerque
Chico Mendes, como gosta de ser chamado, nasceu no mesmo dia e mês que eu — 13 de junho, em anos diferentes: ele, em 1967, e eu, em 1946.
Ambos viemos da zona rural: Chico, do município de São José de Piranhas, onde viveu parte da infância no Poço Vermelho, distrito de Bom Jesus; eu, de Engenheiro Avidos, a pouco mais de 300 metros da divisa entre São José e Cajazeiras.
Nossos pais, Francisco Arcanjo de Albuquerque e José Ribeiro Campos, o popular “Tizé”, foram agricultores que se tornaram comerciantes — e grandes amigos.
Arcanjo mantinha um armazém na Rua Padre Manoel Mariano, enquanto Tizé estendia no chão, em frente, suas mercadorias mais diversas. Um ajudava o outro quando necessário. Dois sertanejos simples, mas de alma generosa e exemplo de trabalho e dignidade para seus filhos.
Foi dessa luta diária que eles sustentaram suas famílias. Chico Mendes, por mais de uma vez, relembrou para mim passagens da infância, quando entrava no comércio de meu pai para vender alho, sem jamais ser impedido de negociar.
Aquele menino inquieto, que aprendeu cedo o valor do trabalho, viria a se tornar um dos empreendedores mais arrojados do Sertão.
Durante anos, comandou uma equipe de vendedores que percorria o Norte e o Nordeste com confecções e mercadorias. Depois, formou-se bacharel em Direito pela UFPB (Campus Sousa), tendo antes cursado até o 8º período de Letras, em Cajazeiras.
Sua vida pública começou em 1992, quando foi eleito vereador com 282 votos.
Em 1996, obteve 731 votos; e em 2000, 916 votos — a maior votação proporcional do Brasil naquele ano. Foi presidente da Câmara Municipal de São José de Piranhas por quatro mandatos consecutivos, consolidando sua liderança política.
Em 2015, após um período afastado da política, voltou à cena e foi eleito prefeito de São José de Piranhas (2021–2024). Em 2022, renunciou ao cargo para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba e foi eleito deputado estadual pelo PSB, com 43.068 votos, sendo o mais votado de seu partido.
Seu mandato atual vai até 31 de janeiro de 2026.
Residente em Cajazeiras há mais de 40 anos, Chico Mendes se declara defensor da cidade. Entretanto, como toda figura pública, enfrenta críticas e divergências.
Alguns adversários afirmam que ele “não gosta de pobre”, e até o governador João Azevêdo chegou a brincar publicamente que Chico “não atende seus telefonemas”.
“É o estilo dele”, garantem os amigos.
Os que o conhecem de perto dizem que Chico é exigente, disciplinado e direto.
Durante as campanhas, é vigilante com os gastos, firme nas decisões e determinado em obter resultados concretos.
Com o atual cenário político em Cajazeiras, marcado pela união de forças entre oposição e situação, há expectativas de ações conjuntas e ganhos reais para a Terra do Padre Rolim.
Certo é que, nas eleições de 2026, Chico Mendes surge como um dos nomes mais fortes e competitivos do Sertão paraibano.

