O Brasil parece funcionar em ciclos de dois em dois anos. Em períodos eleitorais, as ações, políticas públicas e pautas administrativas passam a fluir com uma celeridade e eficiência dignas de comparação com países de primeiro mundo. No Alto Sertão Paraibano, mais especificamente nos 15 municípios que compõem a região de Cajazeiras, a situação não é diferente.
Neste levantamento, apresento os gastos com festividades no ano que antecedeu as eleições (2023) e comparo com o ano eleitoral (2024), revelando o abismo mastodôntico existente em um curto intervalo de tempo, um verdadeiro retrato da “magia” que envolve os anos eleitorais.
Gastos com Festividades dos Municípios do Alto Sertão Paraibano

Conforme observado nos dados extraídos diretamente do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, apenas dois municípios: Cachoeira dos Índios e Triunfo, reduziram os gastos com festividades no ano eleitoral. Os outros 13 municípios aumentaram consideravelmente suas despesas em comparação com 2023.
Os casos mais expressivos são os de Poço de José de Moura e Cajazeiras, administrados pelos então prefeitos Paulo Braz e José Aldemir, respectivamente, cujas despesas cresceram mais de 200%.
No caso de Cajazeiras, a “terra que ensinou a Paraíba a ler”, o contraste é ainda mais curioso. Em 2023, o prefeito José Aldemir chegou a cancelar o tradicional São João, o Xamegão, mesmo após anunciar as atrações, alegando dificuldades orçamentárias para manter a máquina pública. No entanto, bastou chegar o ano eleitoral para que os cofres se abrissem e os problemas desaparecessem. No Carnaval de 2023, foram investidos R$ 855.384,67. Já em 2024, o valor saltou para R$ 1.831.758,18, um aumento real de R$ 976.373,51, equivalente a +114,16%. No São João, o salto foi ainda mais expressivo: em 2023, o investimento foi de R$ 135.689,80, enquanto em 2024, com a volta do Xamegão e toda sua estrutura, a prefeitura destinou R$ 2.144.606,00, um aumento real de R$ 2.008.916,20, representando impressionantes +1.480,36%.
É, meus amigos… ano de eleição é uma beleza!
É nele que muita gente se revela e as contradições ganham forma, som e luz de palco.